Municípios que investiram na questão ambiental tiveram menores taxas de internação por doenças diarreicas em crianças, aponta pesquisa da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto (Fearp) da USP.
O estudo avaliou a gestão ambiental nos municípios paulistas relacionando-a com os gastos públicos e as condições de saúde da população.Segundo a autora do estudo, a pesquisadora Marina Kolland Dantas, esse direcionamento já é apontado por dados da Organização Mundial da Saúde (OMS): em termos da população mundial, 23% dos óbitos anuais podem ser relacionados aos determinantes do meio onde a pessoa vive.
Na pesquisa de Marina, os dados analisados vieram de bases públicas oficiais dos municípios do Estado de São Paulo, coletados entre 2008 e 2013. “Nesse sentido, é preciso enfatizar que os gastos ambientais podem reduzir os custos no setor de saúde, ou seja, as condições de saúde devem ser analisadas também como um resultado do desenvolvimento sustentável”, explica a pesquisadora.
“Por conta disso, se percebe que circunstâncias ecológicas precárias são elementos prejudiciais à saúde da população.”Marina obteve os dados a partir do Índice de Avaliação Ambiental (IAA), que é uma nota obtida pelos municípios participantes do Programa Município VerdeAzul (PMVA), política pública direcionada aos princípios de sustentabilidade.
Pelas análises realizadas, as áreas Leste e Sul do Estado de São Paulo, no Vale do Paraíba e do Ribeira, respectivamente, se destacam pela concentração de municípios que tiveram uma participação descontínua no PMVA no período analisado pela pesquisa e que apresentaram baixo desempenho ambiental.
Já os dez municípios avaliados com os melhores desempenhos ambientais foram: Novo Horizonte, Santa Rosa do Viterbo, Santa Fé do Sul, Itu, Gabriel Monteiro, Sorocaba, Franca, Piacatu, Dirce Reis e Lins.Outro aspecto abordado pelo estudo é a importância do trabalho integrado entre diferentes áreas: a multidisciplinaridade. “Para que possamos tomar decisões e conduzir ações voltadas à sustentabilidade são fundamentais o diálogo, a coordenação e a cooperação entre diferentes disciplinas, formações profissionais, teorias e métodos. Nesse sentido, surgem as políticas públicas intersetoriais e integradas.”
O estudo aponta ainda que algo prejudicial é a descontinuidade na gestão pública. O curto prazo na gestão pública pode levar os municípios a deixarem de participar do PMVA por preferirem a ausência de uma nota em comparação a uma divulgação negativa dos resultados na gestão ambiental. Para Marina, é fundamental “propagar o diálogo, a coerência e a coesão entre as diferentes pautas de atuação pública e, ainda, que a área ambiental possa espalhar essa cultura, demonstrando a importância de se compartilhar objetivos com as demais políticas setoriais e de promover um planejamento com horizonte de longo prazo”. Por: Lívia de Oliveira Furlan
Kommentare